domingo, 12 de junho de 2011

Eii, eu sou feliz


Então tá, e eis que o mundo está cor de rosa.
E eis que todos os caminhos parecem se abrir diante de mim.
Mas a questão é que, não é a vida que melhorou sou eu que amadureci
Sou eu que de repente parei de pedir às pessoas mais que elas podem me dar
Sou eu que parei de ser tão exigente comigo mesmo
E comecei a me amar
e comecei a sentir que o costumamos chamar de felicidade é só um pouco de amadurecência
Amadurecência somada a um pouco de infatilidade
que fica ali no limiar entre ser gente grande e estúpida e ser uma criança
Uma criança que com sua sabedoria descobre que na verdade o "ser feliz" está centrado nos substantivos abstratos da vida.
E eu só posso agradecer a mim, e aos outros, meus iguais, meus diferentes pelas borboletas e pelas tempestades que me surgiram


ps: foto by me. Clarinha, minha prima e coisa mais fofa do mundo

domingo, 17 de abril de 2011

Uma Nota





Prefiro me entregar de vez a essa selvageria latejante de viver a si mesmo
De encontrar-se
Mesmo que signifique dor
dor de encarar a terrível realidade da existência
Dor de parir algo que se é.

Prefiro me entregar ao ser

Ao invés de me iludir com a calmaria da sobrevivência.
Das máscaras. Do lenitivo. Do prozac.

domingo, 10 de abril de 2011

Apareceu a Cinderela


"Não te deixes destruir...
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas.
Recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça."
(Cora Coralina)



E eis que depois de 12121212 milhões de anos eu reapareço aqui.
E que estou muito desesperada ultimamente por arrumar empreg,o que só ando pensando nisso, então sem tempo, ou paciência para escrever aqui.
Pois é minha gente maldito mundo capitalista esse, você precisa vender sua alma, sua vida, sua alegria e tudo mais para ganhar muito menos do que merece.
E por sinal falando desse "mundo capitalista", hoje fui vitima mais uma vez do "você tinha que ter cursado uma faculdade que iria te dar dinheiro, você tem que fazer concurso, você tem que ser comum". Parafraseando Beleza Americana "Não há nada pior que ser comum". De verdade não há.
Mas as vezes dá tanta vontade de sim de se entregar, de esquecer do que se é e ser o que querem que você seja, uma dona de casa, com emprego público, marido "bom", filhos, casa de cerca branca. Sabe todo esse feitichismo que se espera que você deseja, porque quando se é mulher é isso que se deve desejar.
E as vezes fica tão dificil de suportar isso, a falta de apoio da sua família, que te acha louca, esquisita, sem afeto. É tão dificil ter que enfrentar a falta de fé das pessoas em você.
E é dificil saber que você está se esforçando, sofrendo e lutando com tantas pedras, todos os dias e o que pensam é só que, "você deveria ter feito direito", "você deveria ter um namorado comum", "você deveria ser comum". "você tem que querer dinheiro apenas"
Eu não deveria.
Ninguém pode dizer a ninguém o que deveria ser. Ninguém tem acesso a quem nós somos. Então poderiamos simplesmente nos respeitar uns aos outros.
E essa obsessão de pais em querer que sejamos e desejemos o que eles querem é tão estúpido.
Eu sei da dificuldade de se fazer um curso não tradicional.
Eu sei das dificuldades do mercado.
Eu sei que não terei um livro de ponto, férias remuneradas, descanso semanal, INSS. Mas é esse o único objetivo que alguém deve ter, se vender, não se conhecer, fugir do que se quer porque o mundo é assim?
Mas por que o mundo é assim?
Porque nós fizemos essas regras e nós podemos mudar quando quisermos.
Eu fico tão cansada dessa "brochada" que recebo todos os dias dos meu pais.
Eu tenho que enfrentar todos os dias os meus próprios monstros internos, os meus próprios medos e frustrações. Eu não preciso disso me pondo para baixo também.
E eu sei que preciso ser forte, e preciso alcançar essa fortaleza sozinha e eu estou tentando.
E por isso que as vezes eu só queria ser um bicho preguiça grudada na minha árvore sem precisar de toda essa angústia humana idiota.


P.S Blogs lindos que achei vagando pela net

http://blogueirasfeministas.com/
http://avecbeauvoir.wordpress.com/
http://roupasnovaral.wordpress.com/


terça-feira, 8 de março de 2011

In Bloom

Andei sumida, deixei esse diário de lado um pouco, é fato, mas tive minhas justificativas. Aulas da faculdade começaram e estava fazendo o making off do filme "Entre o verão e o inverno", de Simone Caetano (aham minha professora), que aliás vai arrasar. E isso me consumiu bastante tempo, e me pergutem se gostei, é óbvio. Esses dias eu descobri que realmente estou no caminho certo. Um caminho difícil, cansativo, fechado, porém, cheio de descobertas, de alegrias, de sonhos. Eu sempre gostei de coisas complicadas, estranhas, faz parte do meu charme, e entrar nesse curso, Audiovisual, que estou quase terminando, foi uma das melhores coisas que me aconteceu.
O curso pode não me deixar multimilionária, mas uma coisa é certo eu serei feliz, fazendo o que eu quero e gosto. Sim, sou idealista e acredito nisso.
Oras não quero ser fruto dessa realidade doente que apenas crê em coisas práticas, eu não, quero elevar minha alma aos deuses e sonhar, e brincar um pouco de ser feliz. Porque são os sonhos que movem o mundo
Pode ser que eu me foda no final, pode ser, mas e daí?
O fato é que estou bem, e bem onde eu queria estar. O fato é que mais que milhares de matéria, eu quero ter alma, conhecimento, sabedoria. Algo pra realmente ficar quando eu me for, algo que nada poderá tirar de mim.





P.s: Parabéns a todas as guerreiras, corajosas e maravilhosas que enfrentam todos os desabores e preconceitos de um mundo feito para homens. Não desistam, não se rendam.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Algum tipo de monstro

Dinheiro
Emprego público
Status
Poder Ambição
Sustentáculos de uma nação hipócrita
arrastando-se atrás das baionetas
de um injusto sistema
vendem sua alma
por milhares de papel-moeda
forçam-se a acreditar que isso é sinônimo maior de felicidade
e perdem-se
e desumanizam-se
por centenas de carros reluzentes
e em seus olhos a alma perdida em favor de cifrões, zeros e virgulas
procuram crescer à sombra de um outro alguém
Mantendo aparência de falsa religiosidade
Dignidade que não têm
E assim consomem-se
Entregam-se
a uma porção de papel-moeda
E no fim fenecerão, federão
como qualquer outro cristão
E então do que adianta tudo isso?



"Estereotipize tolos Jogando o jogo
Nada único

Todos eles parecem ser o mesmo

Neste mar de mediocridade"

(We Will Rise - Arch Enemy)


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Não há nada pior que ser comum



Eu não quero nunca acostumar-me,
acomodar-me com o mundo a minha volta.
Eu não.
Eu quero ter sempre a impressão de quem descobre a vida pela primeira vez
e a deixa extasiar o peito e elevar a alma.
Eu quero é permitir que alegria, proveniente de profunda dor,
seja minha companheira e guia.
Eu quero é minha alma e minha força de raiz profunda.
Eu quero é mergulhar no que não compreendo
Eu quero a vida
com seus apesar de.



P.S - Depois de um bad day, estou melhor e melhor que nunca.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Tem muita água na minha personalidade

"Todos nós somos fracassados, nós todos vamos morrer um dia! Quem, mas quem pode dizer que se realizou na vida"
(Clarice Lispector)


E as vezes as coisas estão tão boas que parece que nada irá atrapalhar aquela felicidade estonteante.
E tudo será para sempre calmaria, flores, borboleta, cheiros bons,
Mas vem o mundo com sua "impessoalidade soberba" para te lembrar que, para aqueles que querem e sentem demais, mais que o mundo comum, a tempestade é uma constante.
Eu queria acreditar em amor eterno
Queria acreditar que eu posso ter um milhão de amigos
Mas eu sou dramática demais
Chorona demais
Sensível demais
E eu só pedi para ser mais forte, mais dura, e aguentar sempre. Mas eu estou fraquejando. E tão dificil lutar quando parece que não nenhuma luz brilhante pela frente.
De verdade acho que preferia ser outra pessoa que não eu.


Lu eu sempre estarei ao seu lado.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Num Pingar de Chuva




Foi como se ela estivesse acordando de um longo estado de coma, de repente tudo lhe parecia tão nítido. Ela - Clara Bittencourt, 35 anos recém completos, casada com um “partidão”, Ricardo Bittencourt, um dos maiores empresários da cidadezinha de Orizona um quarentão enxuto, com olhos de mel e um corpo malhado, de maneiras refinadas mas um tanto machista - esfregava os olhos tentando se livrar da sensação que tanto escondera, da qual tanto fugira esses anos todos, a sensação de que sua vida fora um erro, pelo menos de uns dez anos para cá.

È como se ela estivesse dormido um sono letárgico todo esse tempo, cumprindo a rotina de cada dia pensando que de fato estava vivendo, enquanto o que na verdade acontecia é que executava “tarefas” para as quais tinha sido programada, tal qual um robô ou um cachorrinho adestrado que faz o que lhe mandam fazer.

Ali parada debaixo da marquise daquele sebo, que exalava o doce cheiro de velharia, e ficava de frente sua antiga escola de teatro, que tanto prazer havia lhe dado, se escondendo da chuva torrencial que desatou a cair quando estava voltando da capital para o interiorzinho, ela finalmente se lembrara do que tinha sido um dia, seus sonhos o seu eu. Era como se cada gota de chuva fosse um lágrima derramada pelo que Clara poderia ter sido, mas desistiu de ser. E com a vergonha de seus pensamentos, com a vergonha de se queixar pela boa vida que conquistara, pensava:

- Meu Deus, o que eu fiz de mim, eu queria tanta coisa, eu lutava por tanto, eu tinha sonhos, eu queria aventuras, viagens, a felicidade, e agora sou isso, a bem-sucedida e infeliz Clara Bittencourt, vivendo sua vida no automático, ou melhor não vivendo. Mas eu não posso reclamar tenho um marido que me ama, futuramente talvez filhos, eu tenho um emprego bom,que me paga um salário grande,uma casa. Oh Deus mas isso é justamente o que eu nunca quis,ser comum,a mediocridade, vender minha alma por papel moeda.

Perplexa,é como ela estava. Perplexa e insatisfeita,logo agora,ou finalmente agora, insatisfeita.

Clara dos anjos, que nem no livro do Lima Barreto, costumava dizer o pessoal do teatro, sonhava desde pequena em ser artista, sair pelo mundo fazendo as pessoas sonharem, era tudo o que queria. Ainda se lembrava com saudades quando costumava de deitar bem ali, na grama daquela pracinha, com seu grande amor o Guga,morto aos 26 anos de acidente.

Como era bom ficar sentindo as gotas de chuva pingando em seus rostos, e o cheiro da terra molhada, fazendo planos, de viagens, de sonhos que seriam compartilhados e fazendo juramentos de amor livre.

Deus o que ela fizera de si mesma.

Como deixou a dor da perda de seu anjo, que era o que ele significava, lhe corroer tanto a ponto de suicidar-se estando viva, a ponto de não se reconhecer, não saber mais quem é, era ou foi. Porque foi isso.

Ela se perdeu, estando sã ela se perdeu,estando viva ela morreu. Pois alguém não pode viver se não se reconhece em seu próprio corpo. E Clara há muito não sonhava.

Desde que Guga se foi. Ela voltou para a casa dos pais, que nunca aceitaram uma filha com ânsias de artistas.

Não.

- Filha minha tem que ter um emprego decente, casar, ter filhos. E não ficar brincando de atriz com um morto de fome qualquer.

Ela cedeu. A sua fortaleza, as suas convicções, ruíram todas. Morreram. E com ela, Clara também.

Aceitou casar com o primeiro que lhe cortejou, o primeiro que agradou a seu pai, aristocrata, falido, cheio de amantes, que nunca deu um carinho a mulher ou as filhas.

E assim quebrou seu primeiro mandamento, a primeira pilastra que lhe sustentara: nunca pedir permissão ao estado para se unir com alguém e nunca se envolver sem amor. A partir daí destruir tudo que lhe fazia ser Clara, e não outro alguém foi fácil.

Foi para o interior, arrumou um emprego “decente”, com folha de ponto, senta, escreve, telefona, senta, escreve, telefona, senta, escreve, rotina, automatismo,perda da capacidade de refletir sobre si, perda da capacidade de viver.

Ela foi jogando mais e mais areia sobre o caixão. Se enterrando. Morrendo um pouco a cada dia.

Até que a possibilidade de ter um filho tirou um pouco da terra que lhe havia submergido.

- Um filho! Uma possibilidade de mudança! Ou a mesmice ainda pior!

Clara fez os exames e veio para a capital, com a desculpa de ver o pai. Mas na verdade um pequena chama começava a acender ali. A mulher precisava voltar ouvir os ecos do seu passado, não mais como um ruído, mas na forma de uma doce melodia.

O telefone toca e a acorda de suas elucubrações. Era Ricardo

- Amor, sinto muito, não foi dessa vez, peguei os exames e você não está grávida. Sei que você queria muito,mas vamos continuar tentando e.....

- Eu não vou mais voltar.

- vamos continuar tentando e...

- Você não me ouve Ricardo, eu não vou mais voltar, nunca mais, eu vou embora para sempre, eu vou recuperar o que perdi, eu vou viver novamente, eu não quero mais brincar de dona-de-casa-feliz, eu cansei desse papel.a

- Clara, você está louca, você nem sabe o que esta dizendo, meu amor, volta logo eu estou te esperando e podemos comer aquela...

- NÃO, você é maravilhoso, Ricardo, disso eu nunca vou me esquecer. Mas eu nunca te amei, eu nunca gostei desse lugar, eu nunca quis ter um emprego “decente”, eu nunca quis uma vida medíocre, comum. Eu sou um pássaro, cuja as asas não podem ser cortadas. A liberdade é minha natureza. Eu quero sonhar novamente, eu quero me sentir viva.

- Clara eu acho que você está

- Obrigada por tudo

-...estressada e.

- Adeus

- volta logo e ... Clara,Clara,Clara.

domingo, 16 de janeiro de 2011

We Can Do It

Por que depois de todas as duras conquistas das mulheres nos últimos tempos muitas de nós ainda sonhamos com uma vida de dona-de-casa-pequena-burguesa-com-cinco-filhos-e-uma-casa-de-cerca-branca? Essa é a pergunta que vêm rondando minha cabeça nos últimos tempo, desde que comecei a ler A mística feminina, de Betty Friedan.

O livro nos fala justamente dessa questão, a criação de uma mística em torno do que é ser mulher baseada na figura da dona de casa jovem e que vive em função dos filhos e do marido,aliás que só existe em função desses dois elementos pois não tem nem vida e nem idéias próprias. E pasmem o livro e da década de 60, ou seja, nesta época os grandes movimentos de emancipação da mulher, desde as sufragistas até a segunda onda do feminismo, inaugurada por Simone de Beauvoir (minha guru), já havia conhecido o seu apogeu e dado o seu legado para as mulheres de então.

O que Friedan expõe nos leva a pensar porque as mulheres, ao invés de progredirem, no sentido de ter uma vida livre das amarras a ela impostas pelas sociedades patriarcais, que até hoje mantêm as suas algemas sobre o mundo, regridem a ponto de achar que qualquer coisa ligada à carreira, ao desenvolvimento intelectual apenas serve para lhes tornar masculinizadas e distantes de seu “papel feminino”. E isso hoje é tão comum quanto foi na época da autora, o que é triste de se ver.

Hoje muitas mulheres ainda continuam se casando muito cedo com homens ricos, pois assim não precisarão trabalhar e ficarão apenas responsáveis por cuidar da sua beleza.

As mulheres ainda desistem de uma possível carreira brilhante porque simplesmente isso iria atrapalhar no quesito maternidade,que é sua função. Evitam saber ou falar demais, principalmente “assunto de homens”, porque isso assusta os dito cujos, afinal não é necessário saber mais que uma receita de bolo. E assim elas tentam se apegar firmemente nessa crença de que é no lar que reside sua felicidade, porque afinal é muito mais fácil casar, se esconder nas sombras de um homem do que viver sua própria vida. Existir por meio de outro torna a dor da existência mais facilmente suportável.

Levar essa vida fútil é o que há de melhor para fugir de si mesma.

E cada vez mais nos perdemos nesse jogo em que quem ganha é somente o sexo masculino que tem em casa uma amante, uma lavadeira, uma passadeira, uma cuidadora de crianças, em tempo integral, que perde toda a sua existência e vitalidade na função a ela destinada pelos homens que controlam a sociedade. Enquanto ele, dono de si e livre se regozija tendo o mundo todo a seus pés, o mundo todo por conhecer e dominar.

Enquanto isso mais e mais mulheres são vitimas de abusos sexuais, de violência física e psicológica. E quando decidem por ter uma carreira, quando tentam conquistar seu espaço no mundo do trabalho, são massacradas por baixos salários e grandes preconceitos, somente porque não têm um pinto entre as pernas.

Por isso fico triste,com raiva, revoltada, quando percebo em muitas meninas que seu único objetivo na vida e ficar linda para que venha um príncipe encantado, rico, para levá-la para casa, para te dar um castelo. E assim ela poderá ter seus sonhos com a mobília do momento, com a mais moderna geladeira. Assim ela perde a sua essência e se torna um robô executando tarefas ditadas pelo statos quo. E isso tudo por medo de enfrentar o mundo.

Mas quando mulheres corajosas conseguem ascender a um lugar de destaque, vem logo as piadinhas clássicas de que, ou ela é lésbica ou provavelmente é uma depressiva, estranha que nunca conseguiu arrumar um namorado na vida, ou deu para alguém para chegar onde chegou.

Ah essa mentalidade patriarcal doente. Nunca conseguem ver que o mundo existe também sem a intervenção de um homem.

Sei que é difícil viver em um mundo feito para homens, como diria a música do MC5, mas eu espero que todas as mulheres descubram em si mesmas essa força avassaladora que nos faz ser quem somos, que nos fez enfrentar todas as limitações sociais e físicas que nos impuseram ao longo do anos, e que não somos nem pior nem melhor que ninguém,somos diferentes, apenas. E é muito melhor ser reconhecida pela sua própria personalidade do que por um sobrenome que nem ao menos é seu.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011


Quem são os nossos heróis?

Somos a geração perdida, em nossas "dúzias de carros reluzentes" e das nossas tecnologias super cool acabamos por nos perder. Não é o recalque de uma nostálgica idiota, eu sei o que ganhamos nessa pretensa pós-modernidade e sei que talvez isso não estaria escrito aqui se não fosse por toda essa evolução, é fato. Por outro lado estamos em desespero e decaindo, sem algo para nos guiar, e não falo aqui de uma força superior que nos mantenha sob seus pés, submissos, eu falo de algo por que lutar, de algum grau de profundidade que seja mais que alguém para seguir no twitter.
É como se perdessemos a nossa alma e vivessemos como soldadinhos de chumbo que alguém brinca e joga de um lado para o outro. Em todo canto tudo igual, nada pelo que lutar, nenhuma sinceridade, nenhuma boa conversa que não seja regada à " como é estranha a roupa daquela garota", "como ela esta gorda". Nenhuma bossa nova, nenhum Café Baudelaire e agitações culturais, literárias, cinematográficas. Não mais surge nenhuma Nouvelle Vague.
Estamos perdidos
No nosso desamor, nos nosso desafetos, na nossa ânsia de querer ser demais, de querer demais, esquecemos que as coisas simples da vida é o que temos de mais belo. Um banho de chuva, cheiro de terra molhada, a lua cheia, um céu estrelado, uma canção amada, palavras de amor ditas baixinhas no ouvido. Ao invés disso temos a nossa frieza glacial, a nossa distância abismal, o medo de aproximar de outrém, o medo de ser alguém, o medo que nos faz evitar envolver com o humano, evitar ter algo que seja realmente verdadeiro.
Amizade, amor, carinho, luta, indignação, tudo isso procuramos evitar para que no final possamos dizer, "pelo menos não sofri", mas também não vivemos, e achamos que sim.
Que vida é essa que levamos minha gente, quem são nossos heróis? o Fiuk?
É tanta deseperança e tanto não viver, tanto trocar os sonhos por dinheiro, é tanta prostituição de idéias. Eu sinto falta sim de uma ideologia, de caras-pintadas, de 68, não pela violência, e sim pelo grau de intensidade com que ebuliam as almas, com que sentimentalidade expunham as suas dores, e como eram cantadas essas dores.
E hoje o que temos, pelo que nossa alma entra em ebulição? pelo funk do momento, pela preguiça, pela nossa solidão, pelo nossa masturbação tecnológica, pelo nosso comodismo que tão bem apreciamos, e que justificamos com o simples fato de que, se não mecheu com meu carro, não mecheu comigo.
E todos os livros, e todos os Dylans, os Cashs, os Russos, os Buarques, os Jobins, e toda a fantasia, e todos os sonhos, que tinhamos, que poderiamos ter? porcas elocubrações de nostálgicos, pré-históricos, comunistas, chorões, maconheiros e mals.
Realmente, acho que nasci na época errada...



"E no fim, eu nem sei o que fazer de mim"


obs: foto do Evando Teixeira minha gente, porque ele é foda